terça-feira, 30 de abril de 2024

Black Sabbath - "Fluff"

Black Sabbath
"Fluff"

O tema "Fluff" dos Black Sabbath do álbum Sabbath Bloody Sabbath"  é o nosso indiciativo para o "Radio Days" e amanhã começam as memórias musicais.

Boa audição!

 

segunda-feira, 29 de abril de 2024

Chico Buarque / Maria Bethânia / Nara Leão - "Os Cantores de Rádio"

Chico Buarque / Maria Bethânia / Nara Leão
"Os Cantores de Rádio"

O programa de rádio "Os Cantores de Rádio" de José Nuno Martins que nos oferecia semanalmente uma hora do melhor da Música Popular Brasileira e que ía para o ar no Fm, tinha precisamente como indicativo o tema "Os Cantores de Rádio" com as vozes de Chico Buarque, Maria Bethânia e Nara Leão.

domingo, 28 de abril de 2024

Kraftwerk - "Kometenmelodie 2"

Kraftwerk
"Kometenmelodie 2"

O tema "Kometenmelodie 2" dos Kraftwerk era o indicativo do programa de rádio "Clube à Gô-Gô" que ía para o ar entre as 21h00 e as 23h00 no FM sempre a surpreender o ouvinte!

sábado, 27 de abril de 2024

Franz Schubert - "Deutsch Messe"

Franz Schubert
"Deutsch Messe"

Quando o célebre programa "Em Órbita" regressou divulgado a denominada música erudita tocada em instrumentos da época, numa enissão de Jorge Gil e conduzida por CÃndido Mota, o indicativo era o tema de abertura do filme de Stanley Kubrick "Clockwork Ornge" / "Laranja Mecânica". mais tarde quando surgiam as "Novas Aventyras do Em Órbita" o indicativo passou a ser a "Deutsch Messe" de Franz Schubert. Inicialmente este programa ía para o ar entre as 19h00 e as 21h00 e mais tarde passou a ser transmitido entre as 19hoo e as 20h00 no FM.

sexta-feira, 26 de abril de 2024

Pop Five Music Incorporated - "Page One"

 Pop Five Music Incorporated
"Page One"

"Page One" dos Pop Five Music Incorporated ea o indicativo do programa de rádio "Página 1" de José Manuel Nunes que ía para o ar entre as 19h30 e 21h00 no FM da Rádio Renascença.

quinta-feira, 25 de abril de 2024

Rádio - A Memória dos Noticiários no FM


A Memória dos Noticiários no FM!

Outra das minhas memórias da rádio, desses longínquos anos setenta, são os noticiários, especialmente na Radio Renascença, onde o noticiário que surgia no ar às 19 horas e se estendia até às 19h30, era de uma enorme qualidade, feito por uma numerosa equipa, que nos dava uma informação rigorosa e por vezes temida pelo poder então vigente. Recordo que quando terminava este serviço noticioso surgia o “Página Um” até às 21horas.

Leite de Vasconcelos
RR/FM
24/05/1974

Nunca mais me esqueci de uma emissão feita por estes fantásticos jornalistas da RR, que acompanhei ao longo da madrugada, aquando do golpe de estado no Chile levado a cabo por Augusto Pinochet, que me manteve acordado a noite toda seguindo os tristes e sangrentos acontecimentos.

O outro canal onde era ouvinte atento das notícias encontrava-se precisamente no Radio Clube Português, onde a informação era também de uma enorme qualidade, nesses anos charneira da década de setenta e onde será sempre de recordar esse dia 25 de Abril de 1974 em que me ligaram para casa às seis da manhã, pessoa amiga, a avisar, que os militares estavam na rua! E nesse dia estive “agarrado” às notícias do Radio Clube Português, numa emissão que como muitos devem estar recordados, fez história na nossa rádio e no país.

Joaquim Furtado
RCP/OM-FM
25/04/1974

Ao escrever estas minhas memórias da rádio não podia deixar de referir estas duas estações de rádio, Rádio Renascença/FM e Rádio Clube Português/FM, que para mim eram sinónimo de excelente e rigorosa informação.

Rui Luís Lima

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Leo Kottke - "Little Shoes"

Leo Kottke
"Little Shoes"

O tema "Little Shoes" era o indicativo do célebre programa de rádio "Dois Pontos" que ía para o ar entre as 11h00 e as 13h00 no FM.

terça-feira, 23 de abril de 2024

Rádio: Dois Pontos!


Rádio: Dois Pontos!

Na história da rádio em Portugal o ouvinte um dia encontrou o Paraíso da denominada Música Popular, eram os anos setenta e era emitido em FM, os seus responsáveis chamavam-se Jaime Fernandes e João David Nunes, cuja história pessoal se confunde com a história da própria rádio em Portugal.

Pink Floyd

O “Dois Pontos”, que era emitido entre as 11 e as 13 horas no RCP, depois RDP4, tinha sucedido ao programa “Módulo”, emitido nos mesmos moldes, mas que tinha um patrocinador chamado “Torralta”, mas com o “Dois Pontos” era-nos oferecido o Paraíso da Música e dizemos isto porque aqui eram passados álbuns na íntegra, sem qualquer tipo de interrupção, permitindo a uma geração inteira gravar nas cassetes-audio ou K7 (se preferirem este termo), os LPs que desejávamos ter, mas a mesada não permitia, para além de muitos nem estarem disponíveis no nosso país.


Jaime Fernandes e João David Nunes anunciavam o álbum e nós “toca a gravar”, mesmo quando se tratava de álbuns duplos ou mesmo triplos, eles passavam na íntegra. Recordo-me de três casos que me preencheram as noites: o duplo álbum ao vivo de Van Morrisson, “It´s To Late To Stop Now” e o “The Lamb Lies Down on Broadway” dos Genesis ou o triplo dos Emerson, Lake and Palmer “Welcome Back My Friends to the Show That Nevers Ends”. Mas também havia os Steeleye Span com a Maddy Prior e os Jethro Tull; a célebre emissão com o “Dark Side of the Moon” dos Pink Floyd seguindo-se, para fechar a primeira hora, o “Close to the Edge” dos Yes. Até Klaus Schulze e os seus “Black Dance”, “Moondawn” e “Timewind”, foram passados na íntegra.

Sandy Denny

Mas por vezes tínhamos também emissões diferentes, sempre com o mínimo de palavras em que estes cavalheiros nos ofereciam duas vozes em contexto ou seja, passavam dois songwriters: Neil Young e Leonard Cohen, intercalando as faixas dos dois álbuns ou mesmo três compositores/álbuns, acrescento o Tim Hardin, que hoje em dia anda bastante esquecido, para já não falar no dia em que escutei pela primeira vez o “Seventh Sojourn” dos Moody Blues. E como muitas vezes quando olho a capa de um Cd/Álbum encontro geralmente associado a ele um momento da minha vida, recordo que dois Cd que tocam muito aqui em casa são o “Like an Old Fashioned Waltz” da Sandy Denny, que descobri precisamente no “Dois Pontos” e foi também neste programa que tive a notícia da sua trágica morte, tendo a emissão sido interrompida pelo Jaime Fernandes, para dar a triste notícia, Sandy Denny estava grávida, caiu pelas escadas na sua residência e terminou por falecer. O outro ´nome incontornável da Música Popular que descobri no saudoso “Dois Pontos” foi Tom Waits e o seu trabalho “Heartattack and Vine” (o primeiro a surgir no nosso país) do qual passaram, nesse dia, os quatro temas que possuem orquestrações: “Saving All My Love For You”, “Jersey Girl”, “On the Nickel” e o maravilhoso “Ruby’s Arms”.


Poderia continuar a falar das inúmeras emissões que gravei nas célebres cassetes de ferro da BASF e que escutava até a fita se enrolar, porque a mesada era curta e tinha-se que gravar por cima a nova paixão musical que nos era oferecida pelo programa “Dois Pontos”, como foi para mim na época o “Journey to the Center of the Earth” do Rick Wakeman ou o “Exceler 8” dos Kraftwerk, um álbum colectânea deste grupo de rock alemão, numa edição da Vertigo, que mais tarde, num aniversário, fui comprar à discoteca Melodia e que nos oferecia temas dos primeiros trabalhos até chegarmos ao bem conhecido “Autobahn”, que os tornou célebres na Galaxia. Um álbum magnífico que nunca encontrei em cd.

Nos dias de hoje seria possível fazer uma emissão assim: divulgar na íntegra álbuns, sem interrupção? Penso que essa entidade (des)conhecida chamada “Mercado” não o iria permitir. O programa “Dois Pontos” de Jaime Fernandes e João David Nunes, mas por onde também passaram nomes como Rui Morrison e Humberto Boto foi o Paraíso da Música para diversas gerações!

Rui Luís Lima

segunda-feira, 22 de abril de 2024

Rádio - Pão com Manteiga!


Rádio - Pão com Manteiga!

“Pão Com Manteiga” barrado dos dois lados, onda média e frequência modulada…

- Mas ó tio…tio… quando começou o programa?

- Foi em Maio de 1980 entre as 10h00 e as 13h00 aos domingos. Depois teve paragens e regressos até que em 1988 terminou o pão e ficámos sem manteiga.

- Mas ó tio eu li os livros!

- Sim, também foram editados dois volumes, com alguns dos textos lidos no programa e…

- E o Roque e a Amiga estavam lá?

- O menino devia saber que eles não tinham a ver nada com a malta do Dada, nem faziam cortes como o Bill e o Jack em Tânger e depois tanto o Roque como a Amiga eram um "must"!

- Eles eram muitos a escrever?

- Nem por isso, ora vejamos, havia o BBC, o Carlos Cruz e a sua voz inconfundível, a Eduarda Ferreira, o José Duarte…

- O dos 5 Minutos de Jazz?

- O menino não sabe que é feio interromper uma pessoa mais velha quando ela está a falar nas suas memórias?

- Mas o Miles Davis entrava no programa? Passavam o “Bitches Brew”?

- O Miles era só no “5 Minutos de Jazz”, quem entrou mesmo e foi uma emissão memorável, a minha favorita, foi quando fizeram uma versão do “E.T” do Steven Spielberg, com o E.T. a desembarcar lá prós lado de Vila Franca de Xira ou seria Alhandra? Já não sei bem…

- Ó tio e termina como no filme?

- Infelizmente não! Porque em vez do E.T. entrar no disco voador e regressar são e salvo ao seu Planeta, apesar de toda a cerveja que bebeu, a ver “O Homem Tranquilo”, foi o Marco Paulo que entrou lá dentro e terminou por ir para a Galáxia.

- Mas ó tio ele gravou discos depois disso e eu até o vi na televisão.

- Então o menino já sabe o nome de quem na verdade derrotou o Darth Vader e regressou à terra na Enterprise do Capitão Kirk.

- Mas ó tio o Mário Zambujal também entrava?

- No disco voador foi só o Marco Paulo, no programa “Pão Com Manteiga” havia ainda o Orlando Neves, o Zé Fanha, da Cornélia, o Joaquim Furtado e…, mas se o menino quer mesmo saber como era o magnifico “Pão Com Manteiga” vá até ao YouTube, que eles estão lá todos! Agora vamos jantar, que já faz tarde…

"Pão com Manteiga: os livros!"

A equipa do "Pão com Manteiga" era constituída por Carlos Cruz, Bernardo Brito e Cunha, José Duarte, Eduarda Ferreira, Orlando Neves, Mário Zambujal, Joaquim Furtado, José Fanha, Artur Couto e Santos, Clara Pinto Correia, Luís Macieira e João Miguel Silva (espero não me ter esquecido de ninguém!) e os textos lidos na rádio deram origem a dois livros com o mesmo título, que me divertiram imenso e que ainda leio com enorme agrado, mas a emissão do E.T em Portugal ficou para sempre na minha memória e o resultado é o "pastiche" que nasceu para estas memórias.

Rui Luís Lima

domingo, 21 de abril de 2024

Rádio: Página 1!


Rádio: Página 1!

O “Página 1” era realizado pelo José Manuel Nunes e surgia na Radio Renascença no FM, após o principal e excelente serviço noticioso das 19 horas ou seja a partir das 19h30 até às 21h00 tínhamos da melhor música, com muitas das novidades vindas directamente de Londres, para além da música portuguesa com José Afonso, Sérgio Godinho e José Mário Branco, entre outros.

José Manuel Nunes

Mas também não me esqueço que seria talvez o programa de rádio mais atingido pela censura, que na época tinha uma lista de canções, cujos dirigentes deste belo país à beira-mar plantado, não apreciavam nada e assim, aconteceu-me estar à espera da emissão, pois gravava de lá umas “coisas” para um velho gravador, utilizando um pequeno microfone, que empunhava junto da coluna de som do rádio/gira-discos e surgia-me música clássica durante todo o espaço da emissão (hora e meia) e confessava com os meus botões de adolescente, lá os tramaram outra vez. Quando o “Venham Mais Cinco” do José Afonso, viu a luz do dia, (que continuo a considerar o melhor álbum da Música Popular Portuguesa), gravei quase todas as canções do álbum através do “Página 1”.


Na época, a música que por ali se ouvia, era um consolo para a nossa alma, acreditássemos ou não no Inferno e no Paraíso, porque Paraíso mesmo foi quando anunciaram que iriam passar na integra o “Tubular Bells” do Mike Oldfield, que andava nas bocas do mundo e cujo álbum ainda não chegara a Portugal e assim um dia tivemos o lado A do álbum e no dia seguinte foi a vez do lado B, que gravei numa cassete BASF de crómio em vez das de ferro, para aquilo durar e confesso que durou muito tempo. Antes tinha uma verdadeira manta de retalhos do Tubular Bells, já que o habitual final do lado A foi o primeiro a gravar (o mais divulgado na rádio), depois numa emissão a seguir ao almoço, já não me lembro do nome do programa, o Pedro Castelo divertiu-se a passar do lado B do disco, a parte com o “In the Cave”, com toda aquela gritaria que se escuta no álbum e dias mais tarde o António Sérgio, num domingo de manhã, passou os 8 minutos iniciais do “Tubular Bells”, até que chegou esse momento mágico em que o “Pagina 1” me ofereceu a oportunidade de ter o disco de fio a pavio.

Leonard Cohen

Na verdade ouvir rádio nesses tempos, e confesso que não sou nada saudosista, era profundamente gratificante e só para terminar, tenho que vos contar que o famoso indicativo do “Pagina Um” foi criado pelos “Pop Five Music Inc”, para o programa de rádio.

Rui Luís Lima

sábado, 20 de abril de 2024

Rádio - À Sombra de Edison!


Rádio - À Sombra de Edison!

Foi em 1982 que, Jorge Gil, o responsável por esse incontornável programa de Rádio chamado “Em Órbita”, decidiu oferecer-nos uma nova aventura e se preferirem uma nova forma de fazer rádio, derrubando fronteiras e métodos e criando imagens que nos iriam absorver por completo, porque em “À Sombra de Edison”, não dava mesmo para estarmos a ler um livro e ouvir boa música, porque “À Sombra de Edison” era o Cinema, com maiúsculas, para se ver/escutar na rádio, captando por completo a atenção do ouvinte.

Jorge Gil
(1945 - 2019)

Mais uma vez Jorge Gil contou com a colaboração de Cândido Mota, que com a sua célebre voz nos convidava a seguir os passos do homem neste planeta e assim íamos escutando um conjunto de sonoridades e textos oriundos das mais diversas proveniências, que com um fio condutor nos iriam obrigar a pensar, neste mundo em que vivemos, recordando o passado e interrogando o futuro, como esse momento em que Neil Armstrong pisou a superfície da Lua (recordo-me de acompanhar a emissão televisiva ainda criança escutando as palavras de Eurico da Fonseca) e em “À Sombra de Edison” revivi esse momento, mas desta vez o ouvinte encontrava-se no interior da Nasa e acompanhava tudo pela primeira vez.

Esta aventura de Jorge Gil, com a habitual cumplicidade de Cândido Mota durou apenas seis meses, de Fevereiro a Julho de 1982, mas foi uma aventura radiofónica que permanece na minha memória para sempre, tal como as emissões do “Em Órbita” da segunda fase do programa dedicado à Música Antiga tocada em instrumentos da época, que abriu para sempre os meus horizontes musicais.

Rui Luís Lima

sexta-feira, 19 de abril de 2024

Rádio - Café Concerto!


Rádio - Café Concerto!

Uma das grandes aventuras da rádio no início da década de oitenta, do século passado, chama-se “Café Concerto”, realizado pela Maria José Mauperrin, tendo nascido o programa a 4 de Fevereiro de 1980 e ía de segunda a sexta para o ar na Rádio Comercial em FM, entre as 21h00 e a meia-noite, inicialmente, para depois passar a ser emitido entre as 2h00 e a meia-noite, sempre com uma criteriosa selecção musical e com apontamentos sobre as mais diversas áreas culturais: literatura, cinema, artes plásticas, jazz, tendo ficado bem célebres as entrevistas, que Maria José Mauperrin fazia aos seus convidados, sempre num tom de conversa amena e descontraída, onde os diálogos eram brilhantes.

Maria José Mauperrin. Aníbal Cabrita
& Manuel Cintra Ferreira

Como não podia deixar de ser, recordo-me com particular estima as crónicas de cinema de Manuel Cintra Ferreira, para além de outros cronistas como Jorge Listopad ou José Duarte.

Depois tínhamos a equipa do programa que incluía ainda Aníbal Cabrita, Humberto Boto, Manuela Gomes, Victor Consciência, Inês Moreira e Rui Morrisson, que sempre nos ofereceram um programa que convidava o ouvinte a fazer parte do auditório. Quando o “Café Concerto” encerrou as portas em 1985, todos nós ficámos a sentir a sua falta!

Rui Luís Lima

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Rádio - Enquanto For Bom Dia!


Rádio - Enquanto For Bom Dia!

Pedro Castelo foi uma das vozes do célebre programa “Em Órbita” no seu primeiro ano de existência, mas seria no início dos anos setenta, através do programa “Enquanto For Bom Dia!”, emitido na Rádio Renascença, que o descobri, indo a emissão para o ar a partir das 10h até ao meio-dia e tendo na sua agradável companhia a Dora Maria, fazendo uma dupla que nos proporcionava uma excelente selecção musical, que nos captava a atenção ao mesmo tempo que muitas vezes nos fazia sorrir, tal era a empatia que era estabelecida com o ouvinte, recordo-me até de quando chegávamos ao liceu, as aulas eram de tarde, de falarmos do programa.

Léo Ferré
(1916 - 1993)

Embora fosse possível escutar todo o género de música no “Enquanto For Bom Dia”, dentro dessa esfera musical a que poderemos chamar o bom gosto, recordo-me muito em especial deste programa, porque foi nele que descobri a música francesa e principalmente esse nome incontornável chamado Leo Ferré que, tal como com Jacques Brel, me levou a adquirir os dois primeiros LPs oriundos de terras de França, em plena idade do rock: “La Solitude” e “Ne Me Quitte Pas”. Curiosamente neste tempo em que o universo vive debaixo da ditadura do politicamente correcto, tive conhecimento através de um excelente programa dedicado a Jacques Brel, da história da canção “Ne Me Quitte Pas” e a quem ela foi dedicada, algo que me deixou um pouco indiferente, porque o que me interessa é que se trata de uma das mais belas canções de amor.

Por ter sido no “Enquanto For Bom Dia!” que descobri, em doses certas, Jean Ferrat, Leo Ferré, Maxime Le Forestier, Jacques Brel, Herbert Pagani, Serge Reggiani, George Moustaki, George Brassens e Charles Aznavour aqui deixo o meu obrigado.

Rui Luís Lima

quarta-feira, 17 de abril de 2024

Rádio - Encontro Para Dois!


Rádio - Encontro Para Dois!

Quando passava as manhãs a ouvir rádio (as aulas eram de tarde) no início da década de setenta, do século xx, um dos programas que escutava era o excelente e divertido programa da Rádio Renascença, “Enquanto For Bom Dia” do Pedro Castelo e da Dora Maria, mas dele falarei depois, porque quando o meio-dia chegava, iniciava-se o “Encontro Para Dois”, um programa das Produções Sérgio, com o António Sérgio a oferecer um disco a quem acertasse numa determinada música que iria passar, só se tinha depois que ligar, mas o problema é que estava sempre impedido, eram muitos à procura da oferta e só dois seriam os contemplados.

António Sérgio
(1950 - 2009)

A música era variada mas excelente e depois consegui a tão desejada ligação e acertei no disco, que era o David Bowie e “Life on Mars?”, que permanece o meu tema favorito de David Bowie, andei para aqui a fazer umas contas com as memórias e datas de lançamento de dois discos, relacionados com o meu “encontro”, proporcionado por este programa de rádio, com uma jovem do Alentejo, ela até me escreveu uma carta e enviou foto tinha 17 anos e eu andava pelos 11 e o encontro ficou por essa breve correspondência, depois fui levantar o disco a que tinha direito à loja do Arnaldo Trindade, na Rua do Carmo e recebi o single “Orange” dos Pop Five Music Inc., que tinha sido lançado, a montra era bem original com um cesto com laranjas e diversas cópias do single em destaque (pode escutar aqui este grupo rock português, no tema “Orange”).

"Pop Five Music Incorporated"

Quando me falam nas grandes vozes da rádio é inevitável referir o nome incontornável de António Sérgio, que infelizmente já nos deixou, pelos programas que fez ao longo da vida, formando inúmeras gerações através do seu excelente gosto musical. Optei por escolher este “Encontro Para Dois”, porque ele está repleto de gratas memórias.

Rui Luís Lima

terça-feira, 16 de abril de 2024

Rádio - Quando o Telefone Toca!


Rádio - Quando o Telefone Toca!

Em meados dos anos 60 e início de 70, do século passado, “Quando o Telefone Toca” era um dos programas de rádio mais populares que iam para o ar e teve em Matos Maia a voz mais conhecida e ainda me recordo de escutar os ouvintes a dizerem “senhor Matos Maia posso dizer a frase?” e depois lá vinha a frase, que era sempre de teor publicitário a um produto e por fim pedia-se o disco. Tudo isto não era feito em directo, já que os ouvintes eram informados anteriormente que a partir de um determinado momento, tinham meia hora para fazerem os pedidos, ligando para o número de telefone da estação de rádio e após esse tempo a emissão era alinhada e ia para o ar, reflectindo o gosto popular.

Durante anos, na minha infância, acompanhei a minha avó a ouvir este programa radiofónico e um dia ela desafiou-me a telefonar e pedir um disco. Nessa época já andava na “escola do rock” e assim fiz e após me ter engasgado a dizer a frase, decidi pedir o “Positive Vibrations” dos Ten Years After, para agitar o auditório, embora fosse uma balada do Alvin Lee. Matos Maia, sempre simpático, deu-me os parabéns pela escolha, já não me recordo bem do que disse, mas que iria agitar o auditório, era uma verdade!

Matos Maia
(1931 - 2005)

O rosto radiofónico deste programa, possivelmente um dos mais marcantes em termos de memória de diversas gerações, teve em Matos Maia o seu maior dinamizador e recordo-me bem da simpatia com que ele falava com os ouvintes e nunca é demais recordar que este homem, que tirou o curso de realização na BBC em 1966, dirigiu na rádio dois folhetins baseados nos romances “A Queda de Um Anjo” de Camilo Castelo Branco e “Quando os Lobos Uivam” de Aquilino Ribeiro e no ano em que eu nasci, fez na rádio a emissão de “A Guerra dos Mundos” de H. G. Wells e, como não podia deixar de ser, a emissão foi interrompida e ele detido pela polícia, sendo levado para o Governo Civil, onde esteve numa cela durante três horas… na verdade os Marcianos também apoquentavam o “Botas”!


Para terminar, gostaria de vos dizer que só muito raramente o pedido do ouvinte não era satisfeito, sendo então sugerida outra música da mesma área ou pelo mesmo intérprete, por Matos Maia, sempre numa agradável e saudável conversa, que nos deixou um conjunto de livros bem interessantes sobre esse fabuloso meio de comunicação que é a Rádio!

Rui Luís Lima

segunda-feira, 15 de abril de 2024

Rádio: Teatro Radiofónico!


Teatro Radiofónico!

Nesta série de memórias da rádio, não podia deixar de falar no Teatro Radiofónico, que teve os seus inícios em Inglaterra e França na década de 20 do século XX, aliás se pensarmos nos episódios televisivos da série “Poirot”, encontramos o célebre detective criado por Agatha Christie a escutar o Teatro na Rádio.


Em Portugal, esta forma de fazer rádio surgiu em 1932, mas seria na década de 40 que nasceria um folhetim baseado em “As Pupilas do Senhor Reitor” de Júlio Dinis e mais tarde, em 1955, “A Força do Destino” que irá fica popularmente conhecido como “o romance da coxinha”, nessa época, confesso, que ainda nem pensava em vir a este mundo, andava possivelmente noutra Galáxia.


Alguns anos depois, já a viver no Planeta Azul, levei com o “Simplesmente Maria”, que tinha o Paulo Renato e a Francisca Maria nas principais vozes, sendo o primeiro episódio emitido em Março de 1973, na Rádio Renascença e o sucesso foi de tal forma enorme, que foi lançada uma revista em formato de fotonovela (então muito em voga), que se vendia como “pãezinhos quentes” e curiosamente durante muito tempo foi desconhecido o nome dos intérpretes, um segredo muito bem guardado, que aumentava as audiências.


Foi com esta radionovela, bem diferente daquela de que nos fala Mário Vargas Llosa no seu livro “A Tia Júlia e o Escrevedor”, que descobri a radionovela ou teatro radiofónico, se preferirem, na companhia da minha avó, ela era fan e eu muitas vezes escutava, porque era emitida precisamente à hora de almoço, 13h30.

Mas depois descobri o Teatro no “posto da música clássica” na rádio, nos dias de hoje denominado Antena 2. O Teatro ía para o ar aos domingos entre as 21 horas e as 22,00, ou seja uma hora inteira, preenchida com uma peça de um dramaturgo de renome e com excelentes intérpretes e onde a sonoplastia fazia verdadeiros milagres.


Recordo-me de gravar algumas dessas peças radiofónicas em cassetes-áudio BASF de crómio, sendo Oscar Wilde e Noel Coward alguns dos meus eleitos, mais tarde escutava feliz, estas emissões de Teatro Radiofónico tranquilamente, ao longo da noite, porque na verdade nunca gostei de perder tempo a dormir.

Rui Luis Lima

domingo, 14 de abril de 2024

Rádio - Fórum!


Rádio - Fórum!

Quando a emissão do saudoso “Em Órbita” passou a ter apenas uma hora de emissão, na Radio Comercial, surgiu o programa “Forum” das 20h00 às 22h00, da responsabilidade de Jorge Lopes, que se irá tornar como o programa “Em Órbita”, uma referência nos meus gostos musicais, porque me deu a descobrir a música da editora ECM Records.

Mas demos um salto no tempo para contar uma história simples: para a Paula o Jorge Lopes é a voz incontornável do atletismo, o homem por quem uma geração de comentadores e jornalistas desportivos possui uma enorme admiração e que infelizmente já nos deixou. Para mim será sempre a pessoa que me deu a conhecer a música da editora ECM Records de Manfred Eicher. Mas como era delineado o programa “Forum”?

Jorge Lopes

A primeira meia-hora, ou seja até às 20h30 era dedicado à Música Popular Brasileira e na hora seguinte ao rock, sendo depois a última meia-hora ocupada com o jazz, excepto um dia por semana, em que era retransmitido o genial programa de Antropologia Cultural “O Homem no Tempo” da autoria de João Sousa Monteiro e João David Nunes, do qual falarei em breve. E seria nessa meia hora final que vim a descobrir os nomes e a música de Keith Jarrett, Jan Garbarek, Eberhard Weber, Ralph Towner entre outros e recordo-me perfeitamente das emissões em que foram passados os célebres “Sun Bear Concerts” de Keith Jarrett, na então edição de vinil, de dez LPS, um lado de um dos discos por semana e eu a gravar nas célebres cassetes-audio! Já o álbum "Luminessence" da dupla Keith Jarrett/Jan Garbarek era um dos mais passados na última meia-hora do programa.

Obrigado Jorge Lopes por me teres dado a conhecer a mais bela música depois do silêncio.

Rui Luís Lima

sábado, 13 de abril de 2024

Rádio - O Homem no Tempo!


Rádio - O Homem no Tempo!

Foi durante ano e meio ou mais precisamente entre 18 de Maio de 1977 e 29 de Dezembro de 1978, com periocidade semanal, que tivemos na rádio uma das mais belas aventuras na Arte de fazer Rádio e de nos convidar a pensar no mundo que nos rodeia, mas também no ser em que nos transformamos ao longo da nossa passagem pela terra. Trata-se do programa de Antropologia Cultural assinado pelo psicanalista João Sousa Monteiro e realizado por João David Nunes, uma dessas realizações radiofónicas únicas na História da Rádio em Portugal.

João David Nunes

O programa “O Homem no Tempo” era emitido por volta da meia-noite e meia, uma dessas horas em que o auditório se prepara para dormir ou então já navega na terra dos sonhos, mas no entanto e é aqui que eu me situo como ouvinte, o programa “O Homem no Tempo” era retransmitido por volta das 21h30, no programa “Fórum” do Jorge Lopes (do qual já aqui vos falei, e assim nesse dia, na última meia-hora, não havia ECM para ninguém). Ao longo de ano e meio escutei atentamente o “Homem no Tempo”, que me dizia que “é mais fácil matar do que pensar, é mais fácil matar do que amar” ou se preferirem outra equação do programa, ofereço-vos esta: “penso, logo desisto!”


“O Homem no Tempo” convidava o ouvinte a pensar e a interrogar-se, conversava connosco e dizia-nos que “um dos tabus sociais de maior importância estratégica para a sobrevivência e bom funcionamento de qualquer sociedade civilizada consiste na proibição de pensar”, ora numa época conturbada como a que vivemos neste século XXI em que à boleia do “politicamente correcto”, se formatam as opiniões e se conduz a informação á boleia da ideologia dominante, sendo muito perigoso pensar de maneira diferente, este programa nos dias de hoje seria certamente subversivo e teria os dias contados.


Mas nunca será de mais referir que a realização de João David Nunes se revelava algo de mágico, porque por aqui tínhamos uma linguagem sonora oriunda de todos os meios incluindo do audiovisual, numa montagem mais-que-perfeita de sons, música e palavras e acima de tudo tínhamos essa voz inconfundível de João David Nunes. E quando foram dadas como terminadas as emissões a “Assírio & Alvim”, editou os textos lidos no programa “O Homem no Tempo” em dois volumes, incluindo, num deles, o esquema de preparação/condução de uma das emissões, que se revela profundamente aliciante de ver. Mais tarde após os livros terem ficado esgotados, a mesma editora fez uma outra edição em apenas um volume com o título de “Tire a Mãe da Boca”, o mesmo título do primeiro volume, da primeira edição, sendo o do segundo volume da primeira edição um pouco extenso: “Tabú, Príncipe dos cágados de fraldas ao vento, ladra às portas do futuro ou sonho de uma jovem que queria ingressar na ordem das carmelitas”.


Hoje em dia os livros desta emissão radiofónica são muito difíceis de encontrar, mas se os descobrirem nos Alfarrabistas, optem sempre pela edição em dois volumes, pois está mais completa e não se esqueçam da história que Ronald Laing nos conta no início (cito de memória): “um polícia reparou numa criança que andava com uma sacola ao ombro, em Londres, as voltas do quarteirão e dirigindo-se a ela perguntou-lhe se ela estava perdida e ela respondeu-lhe que não, apenas tinha fugido de casa, mas estava proibido de atravessar a rua…”

Rui Luís Lima

sexta-feira, 12 de abril de 2024

Rádio - Espaço 3P!


Rádio - Espaço 3P!

Ao longo da noite, nessa época em que ficava a ler pela madrugada dentro, um dos programas que escutava de forma assídua era o “Espaço 3P” e os “3P” significavam “Produções Publicitárias Portuguesas”, tratando-se de uma produtora que alugava espaço radiofónico no FM do antigo RCP e ao longo dessas madrugadas na adolescência escutava a denominada Música Popular Anglo Americana, mas também era possível ouvir reportagens sobre Festivais de Cinema e Festivais de Jazz, que começavam a estar em voga, tanto “cá dentro”, como “lá fora”.

Como estes textos são feitos de memórias, apenas me recordo do nome do Joel Nelson, mas foram inúmeras as vozes que por aqui passaram, marcando os meus dias da Rádio, oferecendo-me a música de James Taylor, Joni Mitchell, Leonard Cohen, Don McLean, Tim Hardin, Neil Young, Joan Baez, entre muitos outros ou seja o bom gosto musical passava por aqui e marcou a minha memória para sempre!

Rui Luís Lima

quinta-feira, 11 de abril de 2024

Rádio - "Clube à Gô-Gô!"


Rádio - "Clube à Gô-Gô!"

Quando o Rádio Clube Português se tornou a Radio Comercial, um dos programas mais aliciantes do horário nocturno do famoso FM (Frequência Modulada), que escutava com enorme prazer era o “Clube à Gô-Gô”, emitido entre as 22h00 e as 24h00, onde todos os géneros musicais conviviam na mais ampla liberdade sem choques ou intempéries.


Fernando Quinas e João David Nunes são duas das vozes que me recordo de ouvir neste espaço radiofónico, mas certamente haveria outras e o que se passava nesta emissão era o bom gosto e a criatividade musical na condução de uma emissão de rádio e recordo que o indicativo era o tema “Kometenmelodie 2” dos Kraftwerk, pertencente ao álbum “Autobhan”. Por aqui tínhamos rock, mas também Nat King Cole, a folk e a country mas também Tony Bennett, o jazz mas também Edgar Froese e Wim Mertens.

Fernando Quinas
(1946 - 2018)

Guardo especialmente na memória o dia em que escutei pela primeira vez o tema “Aqua” de Edgar Froese, líder dos Tangerine Dream, a solo, tendo ficado profundamente fascinado com o que escutava, mais tarde iria comprar o disco, que ainda se escuta aqui em casa. Outro momento importante na formação do meu gosto musical deu-se quando neste programa descobri o músico e compositor belga Wim Mertens.

Tudo se passava na mais perfeita harmonia e nunca sabíamos o que iríamos encontrar em cada emissão do “Clube à Gô-Gô”, simplesmente uma inevitável surpresa musical!

Rui Luís Lima

quarta-feira, 10 de abril de 2024

Rádio - Country, Música da América!


Rádio - Country, Música da América!

Nesses distantes anos setenta ouvia sempre que podia o programa “Dois Pontos”, que surgia no FM entre as 11h e as 13h00 e que se revelou sempre uma fonte inesgotável de bom gosto, sobre a batuta de João David Nunes e Jaime Fernandes e um dia na segunda hora surgiu o “Country, Música da América” do Jaime Fernandes a divulgar a Música Popular Norte-Americana também conhecida como “country & western”.

Jaime Fernandes
(1947 -2016)

Na época conhecia alguma dessa música através do “Dois Pontos”, com os C.S.N. & Y. Manassas, Eagles, Dobbie Brothers, America, Alman Brothers, Neil Young, Byrds, John Denver, Joan Baez, Emmylou Harris e Linda Rondstadt, mas rapidamente percebi como eram escassos os meus conhecimentos, não passando de um simples grão de areia, nesse enorme território que constituiu a Música Country Norte-Americana e rapidamente fixei nomes como Leo Kottke, Gram Parsons, Gordon Lightfoot, Arlo Guthrie, Johnny Cash, Willie Nelson e essa grande Instituição que é a Nitty Gritty Dirt Band, que nos foi apresentada pelo Jaime Fernandes, que fez a história do grupo e nos convidou a escutar essa pérola, mais-que-perfeita, que revelou ser o álbum “Symphonion Dream” da Nitty Gritty Dirt Band.

Como sempre e na sua voz inconfundível Jaime Fernandes fez deste “Country, A Música da América” um programa único na história da rádio e quando oiço este género musical é inevitável recordar-me deste homem que formou o gosto musical de diversas gerações.

Rui Luís Lima

terça-feira, 9 de abril de 2024

Rádio: Palavras Ditas!


Rádio: Palavras Ditas!

Nestas minhas memórias da rádio, não posso deixar de recordar que a poesia na Rádio surgiu para mim através da voz e do génio de Mário Viegas no seu “Palavras Ditas”, que era emitido ao sábado na emissão conduzida pelo Júlio Isidro intitulada “Febre de Sábado de Manhã”.

Nessa época apenas existiam “lá por casa” dois discos de poesia, um do João Villaret com a sua “Procissão” e com outros poemas e um outro EP do Norberto Barroca a dizer poesia de António Botto e quando comecei a escutar o Mário Viegas, que já conhecia tanto do Teatro, como do Cinema, fiquei fascinado pela sua forma de dizer poesia e não só! Porque depois havia a sua célebre interpretação do “Manifesto Anti-Dantas” Pim!, cujo disco acabei por ir comprar.

Mário Viegas
(1948 - 1996)

Mário Viegas, nessas emissões, oferecia-nos a sua enorme versatilidade na Arte de declamar (hoje em dia um termo rebaptizado de “spoken word”, como ouvi recentemente na RTP, já não nos bastava o acordo ortográfico…), porque se por um lado tínhamos José de Almada Negreiros, com o seu Manifesto, por outro havia Jorge de Sena com o poema “Carta aos Meus Filhos Sobre os Fuzilamentos de Goya” ou o célebre poema de “O Guardador de Rebanhos” de Alberto Caeiro/Fernando Pessoa, assim como o “América” de Allen Ginsberg, que me emocionou na época em que o escutei neste programa de rádio, embora o tivesse em casa numa antologia organizada pelo Manuel de Seabra para a editorial Futura, intitulada “A Novíssima Poesia Norte-Americana”, um livro que vos recomendo, mas que só encontram nos Alfarrabistas, assim como o LP com “A Invenção do Amor” do Daniel Filipe, também, gravado pelo Mário Viegas.

“Palavras Ditas” era a Poesia na Rádio!

Rui Luís Lima

segunda-feira, 8 de abril de 2024

Rádio: Os Cantores do Rádio!


Os Cantores do Rádio!

A minha memória do José Nuno Martins na radio vem primeiro de um programa ao fim-de-semana no FM intitulado “A Cidade Eléctrica”, habitado pela música rock e só depois este fabuloso programa de rádio dedicado à Música Popular Brasileira e bem conhecido do público em geral: “Os Cantores do Radio”, que nos envia de imediato para a célebre canção do Chico Buarque com a Maria Bethânia e a Nara Leão.

José Nuno Martins

Nesses anos a Música Popular Brasileira estava em alta no nosso país com os nomes mais que cimentados de Chico Buarque, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Vinicius e Toquinho, Gal Costa, Elis Regina, Simone e Fáfá de Belém a terem uma enorme audiência na rádio, mas José Nuno Martins tinha muito mais para oferecer, ou seja Milton Nascimento, Wagner Tiso, Hermeto Pascoal, Egberto Gismonti, Airto Moreira, Taiguara, Joyce, Flora Purim e falo aqui apenas nos nomes que me entraram em casa através das ondas hertzianas da rádio e me alegraram as tardes de fim-de-semana.

Nos dias de hoje quando escuto Música Popular Brasileira, recordo-me sempre do célebre programa de rádio “Os Cantores do Rádio” de José Nuno Martins.

Rui Luís Lima

domingo, 7 de abril de 2024

Rádio: Cinco Minutos de Jazz!


Rádio: Cinco Minutos de Jazz!

Foi com o programa de rádio,“5 Minutos de Jazz” de José Duarte, que comecei a escutar jazz, durante cinco minutos, mas que me ofereceu nomes e títulos que mais tarde iria procurar. Tínhamos dobrado a década de 60 e mal sabia eu que os anos 70 se iriam revelar uma época inesquecível e um rádio com gira-discos e a célebre FM (Frequência Modulada) deu entrada lá em casa. De imediato passei as noites a escutar essa maravilhosa máquina que me oferecia música de forma infinita e rapidamente esqueci a Onda Média debitada pelo meu pequeno transístor de bolso.

José Duarte
(1938-2023)

Era na Rádio Renascença/FM, no programa “23ªHora”, que se encontrava na época ancorado os “5 Minutos de Jazz” e seria quase sempre quando se atingia metade da emissão, conduzida pelo José Corte-Real, que surgia o saxofone de Lou Donaldson a tocar o tema “Lou’s Blues” como indicativo do programa, que ainda tinha espaço para uma publicidade à cerveja Cuca e depois surgia a voz convidativa de José Duarte, “um, dois, três, quatro… cinco minutos de jazz”, que rapidamente nos preparava em breves palavras, mas repletas de significado e informação, para o tema que iríamos escutar nessa noite.

Billie Holiday
(1915 - 1959)

Durante anos escutei este programa na Rádio Renascença, quando ele se encontrava na boa companhia da “23ª Hora”.

Obrigado José Duarte pelo gosto que me transmitiste na descoberta dessa música sem fronteiras conhecida por jazz, onde os homens são todos iguais e tem espaço para nos oferecerem a sua arte!

Rui Luís Lima